Socioambiental

Lameirão

Elevatória do Lameirão chega aos 58 anos em plena forma 

O sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro é feito de números impressionantes e obras fantásticas de engenharia. A Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu consta do Guiness Book como a maior do mundo em produção contínua, fornecendo água potável a 9 milhões de pessoas. O equipamento de engenharia mais ousado do sistema Guandu é a Elevatória do Lameirão, há 58 anos considerada a maior elevatória subterrânea de água tratada do mundo. 

O Lameirão, no bairro de Santíssimo, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 4 de abril de 1966, operando com cinco motobombas para abastecer 7,5 milhões de pessoas. Em 1981 e em 1987, ganhou mais dois conjuntos de motobombas, com vazão de 4.6 metros cúbicos por segundo cada, totalizando sete motores.

Cimento para 14 Maracanãs

A construção da elevatória reuniu 45 mil operários, mais de vinte vezes a quantidade de trabalhadores envolvidos na construção de outro colosso carioca, o estádio do Maracanã. No Lameirão foram usados mais de 7 milhões de sacos de cimento, o suficiente para 14 Maracanãs. Foram 35 mil metros cúbicos de concreto, com escavação e retirada de 70 mil metros cúbicos de rocha. No túnel-canal, com diâmetro de 3 a 3,6 metros, é possível entrar com um caminhão.

Em 1966, os 43 quilômetros de túneis do subsistema Lameirão representavam a soma de todos os túneis construídos no Brasil. São 11 quilômetros entre a ETA e a elevatória e mais 32 até o Reservatório dos Macacos, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. A elevatória pode bombear 27.600 litros por segundo e opera com vazão de 20 mil litros por segundo. É uma piscina olímpica cheia a cada dois minutos!


Ao consolidar o Sistema Guandu, a Elevatória do Lameirão simbolizou o fim da era de um complexo emaranhado de sistemas para levar água à população da Região Metropolitana. O primeiro grande sistema, Acari, havia sido inaugurado seis décadas antes, em 1908, levando água de Nova Iguaçu e Duque de Caxias até o centro do Rio. O crescimento da população se acelerou, e não havia fontes volumosas de água perto do centro. Em 1937, veio o sistema Ribeirão das Lajes, com duas adutoras, concluídas em 1940 e 1949.

Elevatória tem 64 metros de profundidade

Ainda não era o suficiente para fazer frente ao crescimento da metrópole, e a transposição de águas dos rios Paraíba do Sul e Piraí para a bacia do Rio Guandu viabilizou a primeira etapa da ETA Guandu, inaugurada em agosto de 1955. A segunda e a terceira etapas foram concluídas em 1965, cada uma projetada para produzir 4.600 litros por segundo, chegando à capacidade de 13.800 litros por segundo. A capacidade atual é de 45 mil litros por segundo, o que torna a ETA Guandu o maior parque de produção de água da América Latina. 

Dos 3,5 bilhões de litros diários de água produzidos na ETA Guandu, metade vai para a  Elevatória do Lameirão através de um grande túnel pressurizado com 11 quilômetros de extensão. Na Elevatória, construída a 64 metros de profundidade, a água é bombeada para dois túneis verticais escavados em rocha, com 117 metros de altura e 2,75 metros de diâmetro. Ao chegar ao topo, a água escoa por gravidade nos 32 quilômetros do túnel canal, de Santíssimo ao Jardim Botânico. Dispositivos de transição permitem a saída de adutoras para abastecer diversos locais. Elas ficam no município de Nilópolis e nos bairros cariocas de Bangu, Anchieta, Acari, Leopoldina, Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Tijuca e Centro, além da Zona Sul da cidade.

Para o funcionamento do sistema, são necessários 44 grupos moto-bombas, que consomem 46.000 MWh de energia elétrica, equivalentes ao suprimento de uma cidade de 160 mil habitantes. Por tudo isso, a Elevatória do Lameirão merece todos os aplausos em seu 58º aniversário, assim como todos os profissionais e colaboradores da CEDAE envolvidos em sua operação.

 
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